Museu da Água - Estação Elevatória a Vapor dos Barbadinhos

Rua Alviela 12, 1170-012 Lisboa

Terça a domingo: 10:00-17:30

29/09 - 29/10/2022

Inauguração: 29 Setembro, 18:00 - 20:00

 

António Carrapato, António Cunha,

Augusto Brázio, Maria do Mar Rêgo

[email protected], olhares”

A exposição [email protected], olhares resulta do empenho da Direção Regional de Cultura do Alentejo (DRCA) em realizar um mapeamento sobre os diferentes momentos da enfermidade provocada pelo COVID-19 no território alentejano. Naturalmente, por todo o país se fizeram, desde os primeiros sinais, registos sobre o impacto desta maleita na sociedade. Porém, tanto quanto sabemos, a postura da DRCA foi única no país, isto é, a de uma entidade pública que toma por missão realizar um registo territorial alargado e sistemático sobre o embate desta grave situação na vida quotidiana das populações. Ao longo da sua execução, o projeto procurou registar, e agora dar a conhecer, os diferentes momentos e situações vividas ao longo de quase dois anos numa área geográfica com características específicas.

No que respeita ao palco da ação, importa recordar que o Alentejo é uma vasta área territorial com personalidade muito própria, quer na geografia, quer na composição socioeconómica.

Geograficamente o território é dominado por grandes extensões de campo de montado, sobressaindo, isolados, os aglomerados rurais, em geral de pequena dimensão. As gentes desta região vivem, por norma, muito voltadas para dentro das suas casas, mas quando confiantes revelam-se participativas e acolhedoras.

O seu tecido social caracteriza-se por um envelhecimento da população, que tem procurado ser contrariado através de vários programas e ações dirigidos à juventude. 

A escolha da fotografia como ferramenta de registo surge com naturalidade, já que se trata de uma forma eficaz que permite, na sua essência, o balanço entre o documental e a prática artística. Os protagonistas do projeto (os fotógrafos António Carrapato, António Cunha, Augusto Brázio e Maria do Mar Rêgo) são oriundos do território e profundos conhecedores do meio. Embora com o tema em comum, o trabalho final resulta, naturalmente, distinto. Maria do Mar distingue-se desde logo pelo uso do preto e branco e também por um olhar mais subtil e poético. Já António Carrapato e António Cunha expressam uma visão de cariz mais documental e objetiva, sendo que o primeiro salpica aqui e ali com o seu sentido de humor. Finalmente, Augusto Brázio evidencia a sua excelência retratística que confere uma identidade própria ao projeto.

Desde a sua invenção, a fotografia tornou-se uma ferramenta preferencial do registo da sociedade moderna e contemporânea, sendo a essência de toda a cultura visual dos últimos dois séculos. Para além do seu uso no território das artes visuais, representa uma tipologia transversal a diversas áreas do conhecimento. 

A fotografia constitui, igualmente, uma fonte de informação, que interessa a diversas áreas do conhecimento que abordam a relação espaço-tempo como instrumento de análise da transformação da sociedade. Ao constituir um registo momentâneo de uma cena, não significa que a fotografia deva ser encarada como uma verdade absoluta, na medida em que o enquadramento da imagem pode induzir a interpretações equívocas, bem como guardar em si uma determinada intencionalidade, já para não falarmos de eventuais manipulações. 

De qualquer modo, esse fragmento da realidade gravado pela fotografia constitui uma marca de um tempo passado e, assim, a perpetuação de um momento, ou seja, de uma memória.

O trabalho de seleção afigurou-se penoso. Das várias dezenas de fotografias realizadas por cada autor, realizou-se uma seleção que procurou não se submeter apenas à qualidade estética das imagens, mas também evidenciar a cronologia dos acontecimentos.

Mergulhados, por vezes, na incerteza da escolha, procurou-se criar uma narrativa consistente e que espelhasse simultaneamente a multiplicidade das situações e momentos vividos: medidas de higiene, confinamentos, vacinação, encerramento de fronteiras, entre outros.

Embora de pendão naturalmente documental, o conjunto final de obras revela uma ampla e enriquecedora visão dos factos, contribuindo inequivocamente para a elaboração de um corpo de memória fundamental da presente sociedade.



Rui Prata, Janeiro de 2022.

©António Carrapato

António Carrapato

 

Bio

António Carrapato (Reguengos de Monsaraz, 1966) Estuda fotografia no ArCo Lisboa e começou a sua carreira fotográfica nos anos 90, a fotografar para os jornais portugueses, principalmente para o jornal Público no Alentejo. Em paralelo desenvolve um trabalho de fotografia de autor. 

Em 2009 participou no projeto da Estação Imagem onde é membro fundador.

Tem estado envolvido em várias iniciativas e eventos, como foi o caso do Foto Fest em Copenhaga 2013, exposição RISO na Fundação EDP, Lisboa 2013, exposição Grupo de Évora na Pequena Galeria em Lisboa 2013. Fez a exposição Na’ vejo,

Fábrica Braço de Prata, Lisboa 2015, a exposição 1013 Anos, no Museu de Évora e na Galeria Módulo a exposição Encantamento em 2016. Em Viana do Castelo a exposição Inauguro#54, 2017; Claustrofonia no convento dos Remédios, Évora 2018. 27/27 exposição na praça do Sertório, Évora 2020. Séufonia a música da  Sé de Évora a céu aberto Rua 5 de Outubro em Évora 2021 Várias publicações como Planeta Ovibeja (2008), Arte na Fundação Luso-Brasileira (2007) e Extensão do Olhar, Uma antologia visual da fotografia portuguesa contemporânea (2005) da Fundação PLMJ. 

É no território rural do Alentejo e em contextos urbanos internacionais que utiliza a sua capacidade de observação para criar um universo visual onde a relação entre o homem e a sua envolvente revelam subtis ironias ou absurdas coincidências.

 

©António Cunha

António Cunha

Bio

Foi em Beja, sobre a extensão da planície, fecunda em searas e em horizontes, que nasceu para o mundo e para a luz do Alentejo. Deslumbrado por essa luz, nasceu para a fotografia em 1980, sendo diversas as áreas em que se tem envolvido, entre as quais a história, a arqueologia, a museologia, a etnografia e o fotojornalismo.

Autêntico e profundamente alentejano, mas andarilho do mundo, efectuou reportagens fotográficas em Portugal, Açores, Espanha, França, Marrocos, Peru, Bolívia, Chile, Bélgica, Córsega, Suécia, Finlândia, Noruega, Canadá, E.U.A., Quénia, Grécia, Rép. Checa, Índia, Maldivas, Zanzibar (Tanzânia), Itália, Tunísia, Inglaterra, Brasil, Vietname, Síria, Japão e Irão.

Da sucessão das suas exposições fotográficas individuais e colectivas, no país e no estrangeiro, destacam-se as que fez em Lisboa, Coimbra, Évora, Porto, Beja, Mértola, Monsaraz, Moura, Serpa, Abrantes, Sines, Setúbal, Estremoz, Frankfurt, Toronto, Arles, Haia, Estrasburgo, Bruxelas, Marrocos e Córsega.

Bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian (de 8/89 a 10/92) na realização do levantamento fotográfico de arqueologia industrial das minas de S. Domingos, através do Campo Arqueológico de Mértola. 

Fotógrafo de campo em recolhas etno-musicais com Michel Giacometti, entre 1986 e 1990.

Autor dos seguintes livros (dos quais resultaram algumas exposições fotográficas*):   

Alentejo — Uma terra nos planos do mar *(1997) | Mítica e Íntima Índia* (1998) | Terras da Moura Encantada — Arte islâmica em Portugal* (1999) | Branca e Azul: a pele da taipa — Mértola e Chefchaouen* (2001) | O Campo e o Canto: extensões e profundidades* (2002) | Mais alta a água — o Guadiana e a nova tradução da terra*- EDIA (2004) | Com o tamanho do tempo — por Beja onde são maiores as horas e os horizontes -  C.M.Beja (2008) | Evocação a Silves — entre a luz e a sombra - C.M.Silves (2008) | Livro catálogo — Museu Indo-Português Paço Episcopal Cochim-Índia, Fundação Calouste Gulbenkian (2011) | Livro catálogo — Museu de Arte Cristã, Convento de Santa Mónica Goa-Índia, Fundação Calouste Gulbenkian (2011) | Livro catálogo — Tavira Islâmica - Museu, Câmara Municipal de Tavira (2012) | Livro catálogo — Mundo Rural, centro interpretativo - Vimieiro Museu, Câmara Municipal de Arraiolos (2012) | Livro catálogo - Tapete de Arraiolos, Câmara Municipal de Arraiolos (2013) | Livro - De Beja, com vagar se vê ao longe - edição Câmara Municipal de Beja (2019).

 

©Augusto Brázio

Augusto Brázio

Bio

Augusto Brázio (Brinches, Serpa, 1964) estudou na Escola Superior de Belas Artes, em Lisboa.

Autor com um percurso regular na área da fotografia desde os anos 90 do séc. XX, tendo vários livros publicados, obteve o primeiro prémio Fotojornalismo Visão / BES em 2008.

Foi membro do Coletivo Kameraphoto (2003-2014) e um dos 13 fotógrafos portugueses escolhidos para o programa Entre Imagens da RTP. Ao longo do seu percurso, conta com exposições em Lisboa, Porto, Paris, Bruxelas, Budapeste, entre muitas outras cidades.

Nos últimos anos, focou-se em projetos pessoais, onde reflete sobre questões de imigração, pertença e ocupação do território. 

A sua obra está presente em diversas coleções, nomeadamente: Coleção de Fotografia do Novo Banco, Centro de Artes Visuais Coimbra, Fundação PLMJ, Encontros da Imagem de Braga, Fundação EDP, Centro de Artes de Sines, Coleção Norlinda e José Lima. É representado pela Galeria das Salgadeiras desde 2012.

©Maria do Mar Rêgo

Maria do Mar Rêgo 

Bio

 

Maria do Mar Rêgo (Toulouse, 1983). Cresceu em Montemor-o-Novo. Em 2001 vai estudar para a Faculdade de Belas Artes da Universidade de Barcelona, cidade que deixaria em 2007, por Arles onde estuda na École Nationale Supérieur de Photographie. Vive e trabalha atualmente em Portugal.

Começou a expôr em 2005 em galeria e fazendo intervenções no espaço público. Expôs em Portugal, Espanha, França, Bélgica e Alemanha. Nomeadamente no Museu Atlântico de Artes Moderna, em Las Palmas de Gran Canaria (2007); Igreja de São Vicente, Évora (2009); Rencontres Internationales de la Photograhie,Arles (2010); Festival Les Boutographies, Montpelier (2014); Nîmes (2015); Festival PhotoEspaña (2016); Journées Internationales du Patrimoine, Paris (2016); PhotoBeijing, Pequim, (2016); Alvito (2017); Santiago de Compostela (2020); Budapeste (2020); Galeria Imago Lisboa (2021).

Foi artista residente na Casa de Velazquez (2015-2016), na Budapest Galéria (2018) e em Cuarto Pexigo, Santiago de Compostela (2019 e 2020).

Foi professora convidada na Universidade de Évora – Departamento de artes visuais e design. Cria e produz conferências e oficinas com Atelier Mina, criado em 2020.

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